3 de agosto de 2013

Adoro as pessoas

Num contexto normal, pose cool, olhar vago e saudoso: "sim, eu aos doze, treze anos, fui ver Guns e Metallica a Alvaldade, sim, eu estive lá, o bom gosto vem de muito novo..."

A mesma pessoa, após um concerto hoje em dia: "o concerto foi bom, mas o público?! Eram só miúdos de catorze anos!!"

5 comentários:

Mak, o Mau disse...

Há sempre uma diferença entre a efabulação do passado e a realidade do presente :)

Ainda assim, eu tenho uma teoria sobre concertos e o facto de Portugal nem sempre ter sido um destino favorecido pelas tours de muitas bandas. Isso e os riscos da "festivalização" que temos...

Ricardo disse...

Partilha a tua teoria!

Mak, o Mau disse...

Há 20 anos não tinhas festivais e, muito menos do que hoje, grandes bandas a virem cá regularmente dar concertos. Pelo que sei, malta que era fã à séria de determinada banda tinha que, por vezes, ir a Espanha para apanhar certo concerto.

O que é que isto quer dizer?
Quando se apanhava cá uma banda, quem ia queria mesmo ver aquilo, sabe-se lá quando haveria nova oportunidade. Sempre me disseram que as bandas adoravam Portugal porque o pessoal nos concertos dava o litro (no palco e fora).

Actualmente, com a globalização, tens 50 festivais e as tournées felizmente já têm Portugal no mapa na maior parte dos casos. O que isso traz de bom em volume e oferta, reduz no interesse da plateia. Sim, tens os devotos mas, especialmente, em festivais, muitas bandas passam ao lado de boa parte do público (vi isso nos excelentes Roots no Sudoeste o ano passado).

Além disso, ir a um concerto é algo trivial em salas de espectáculos maiores (creio que concertos de bandas mais pequenas em salas mais pequenas são uma excelente solução, nem sempre aproveitada e eu vi em dias consecutivos quase, Beastie Boys no Alive e Beastie Boys na Aula Magna). O ambiente melhora quanto maior for o interesse da plateia, a par obviamente do desempenho dos músicos.

Segundo esta "teoria", a par do factor nostálgico que, como dizes, deturpa por vezes a realidade há uma crescente vulgarização do "ir a um concerto", como quem vai a uma esplanada vegetar ou a um bar em que há lá uma banda a dar som ambiente mas à qual não ligamos muito.

Isto tem muitas falhas, mas é a sensação que em parte tenho. Creio que ambientes como, por exemplo, no primeiro concerto de Massive Attack em portugal não se repetem, o que não quer dizer que a mesma banda não pode dar outros bons concertos no mesmo país.

Na única vez que fui ao Rock in Rio vi a Amy Winehouse, aquilo também não se repete e isso não quer dizer que tenha sido bom...

Teorias ;)

Ricardo disse...

Partilho da tua teoria.

Cenas como eu vi à porta do Coliseu, pessoas a darem 450€, 90 contos na altura, por um bilhete para Incubus, dificilmente se passariam hoje. E concordo contigo, o ambiente que se vivia nesses concertos, os primeiros em Portugal muitas vezes, era mágico.

Pearl Jam em Cascais por exemplo, com o famoso cântico "Portugal, Portugal", é outro momento irrepetível.

Quanto aos festivais, também passei por isso com o Johnny Marr. Podia ter sido um concerto bastante melhor, se o público tem colaborado mais.

Anita disse...

Bom, eu fui ver Metallica a Alvalade, em 93 e fui ao Pavilhão Atlântico em 2010. Verdade que 17 anos separaram esses dois concertos e em ambos estavam jovens de "14 anos" e não só. A questão é que esses "14 anos" não são iguais hoje e há 20 anos atrás. E estou a referir-me a um concerto específico de uma banda. Já nem falo em concertos de Verão, onde os Metallica já participaram creio que duas vezes e eu nunca lá meti os pés.
O único concerto de Verão a que fui foi ao SBSR, a 26 de Maio de 2006, para "ouver" Tool. Tive sorte que ainda pude ouvir Alice in Chainse Placebo, nada mau ☺