2 de novembro de 2012

Ghouls night out

Fiquei a trabalhar até às vinte e duas horas na quarta-feira, com uma constipação que só eu sei (obrigado por todas as piadinhas ao telefone, sois mui bem humorados e gentis, seus cabrões), para depois chegar ao Cais do Sodré, e não ter comboios porque os senhores dos comboios marcam a greve para quinta mas começam logo quarta à noite que é para não chegarem atrasados à greve, isso seria de mau tom, já deixar centenas de pessoas sem transporte para casa é muito bom, tudo ok, o desespero das miúdas com calhamaços de direito nos braços a ligarem a toda a gente e mais alguma para as safar, os olhares dançavam entre os comboios e os relógios à música de desabafos de desespero, já eu safei-me pela mana, que veio de Cascais de propósito para me vir buscar, a querida, então lá fiquei encostado a um canto a ler os Cadernos do Subterrâneo, à meia luz, enquanto via mil trezentas e cinquenta e duas pessoas e meia a passearem-se mascaradas de zombie / bruxa / gente que se tentou maquilhar-se durante um ataque de epilepsia, isto somado às "crianças" de saltos de vinte centímetros e saias de dez, o traje de galdéria deve ser um must do halloween, de garrafas de litrosa na mão e a dizerem que se amam todas muito, eu sinceramente não sei de que grupo tenho mais medo, se dos zombies se das pitas despidas, a diferença é que uns estão pintados de maneira assustadora e os outros estão mascarados para o halloween, já agora, isto do halloween faz-me confusão, mas também tudo me faz confusão, portanto nem vou por aí, foi um fim de noite bem passado, deu para, entre capítulos, que o Dostoievski (nunca falha) se lembrou de fazê-los pequeninos neste singelo livro, levantar os olhos do livro e olhar ali para a zona das máquinas e, sem dificuldade, isto das saudades deve mexer com a cabeça e olhos da gente, com o coração já nem se fala, para vê-la a ir-se embora da última vez, tantas palavras no último tocar das mãos, já depois da voz e do olhar terem servido o seu propósito, a verdade é que, como dizia o poeta, não saiam daí porque nós também não, logo à noite há mais.

6 comentários:

Passion Addicted disse...

Calha a noite de Halloween ser na véspera do dia de anos do meu melhor amigo, que trabalha na noite. Então lá fui eu prós copos a uma das discos da moda. Assustador. Vi uma ou duas máscaras excelentes, uma "Noiva Cadáver" absolutamente brilhante, mas também vi mamas, rabos, calções de ganga às centenas, micro-saias e Litas com meio metro de altura (sei das Litas por cortesia de Passionata), bebedeiras de cair pró lado e muitos apalpões e outras coisas do mesmo estilo provenientes de crianças imberbes ainda a cheirarem a leite e com o acne bem exposto nas suas caras mal maquilhadas.

Tou a ficar velho. Saí da disco às 3:30 da manhã e a fila à porta rodava a esquina. E não sendo exactamente o pai da malta porque a loucura ainda não escolhe idades, a média de idades não andaria longe dos 16 anos.

Tristeza

Ricardo disse...

A verdade é que talvez quem tivesse trinta quando em tinha dezasseis dizia a mesma coisa. Talvez. Não me lembro das minhas amigas andarem assim vestidas aos dezasseis anos.

Passion Addicted disse...

Só comecei a sair "a sério" quando fiz 18 anos. Antes disso, saí meia dúzia de vezes em ocasiões especiais, aniversários e assim. Depois da viagem de finalistas e de acabar o 12º ano é que foi mais a sério. E NUNCA, mas mesmo nunca, as minhas amigas se vestiram como quengas. Lá se via um top mais decotado ou uma saia mais curta de vez em quando, motivo de brincadeira e alguma chacota nessa noite. De resto, imperava a calça de ganga e o top justos. Frequentei a noite até à coisa de dois anos e nunca como agora vi tantas mamas e rabos à mostra. Literalmente. E parece que a cada ano que passa, as roupas e a idade média dos frequentadores de discotecas diminuem.

Quando eu tinha 18, 20 ou mesmo 25 anos, as discotecas de putos eram o Alcântara, o Whispers e eventualmente mais uma ou outra. Depois passou a ser o Loft. Havia bares prá pequenada, como o Vacas Loucas. Mas agora, se tens mais de 15 anos e não sais à noite, és o verdadeiro alien! É assustador!

A tua filha não se mete nessas aventuras, pelo que escreves. E não te chateia? Não quer sair, vestir umas mini saias e beber uns copos?

Ricardo disse...

Ahahah, a minha filha tem nove anos. Apesar da sua precocidade em algumas coisas ainda é uma menina que dorme com o seu oh-oh e quer levar um peluche para Ornatos, que gosta das suas roupas de princesa bem juntinho das suas roupas com caveiras. Por enquanto não me preocupa. Mas há de ter a sua fase claro, estou mais que mentalizado até porque, lá está, eu conheço mãe dela ahahah

Passion Addicted disse...

Por acaso pensava-a mais velhinha, aí pelos 12 anos. E já vi miúdas mais novas que 12 anos com copo de cerveja na mão e mini saia e decote e tudo o que tem direito! Mas ainda bem que assim o é!

Abraço

tata disse...

Ao estilo de Tolan e Pipoco, muito bom este post (que é um post grande e um grande post)