1 de fevereiro de 2012

You are creating all the bubbles at night

Saí da loja hoje a meio da tarde para ir comer qualquer coisa. E o Chiado estava como tem estado: frio e acinzentado. Apetecia-me (acima de tudo acho que precisava, não sei bem, não sou bom a reconhecer essas coisas) apanhar ar fresco. 
Logo à saída, ao som do violoncelo que o gajo impecavelmente bem vestido costuma estar a tocar, vejo um outro gajo (isto após desviar-me, no momento what the fuck da tarde, de uma bola de sabão gigante que vinha na minha direcção) sentado nas escadas da igreja a ler "Os Passos em Volta", do Herberto Hélder. Ele olhou para mim e eu fiz-lhe o olhar de quem aprovava a escolha literária e ele parece que acena com a cabeça do tipo "eu sei que tu sabes que eu estou a ler um livro do caraças" e continuou a ler ao som do violoncelo. 
Entretanto lá fui comer, apanhei todo o ar de que precisava e voltei para baixo. Enquanto-me desviava das pessoas que tiravam fotos à estátua do Pessoa, cheguei à conclusão de que me sinto demasiado em casa naquele sítio. Uma sensação avassaladora de pertença. 
E eu que tinha prometido a mim mesmo que não me afeiçoava a mais nada.

2 comentários:

Sofia disse...

O sentimento de pertença é intrínseco ao ser humano. Sentes, é porque estás vivo (ui, topa-me esta filosofia).

Sorri, trabalhas numa das ruas mais bonitas de Lisboa, uma das ruas com mais história. Tratas-la por tu, como outros ilustres faziam. Se isso não é avassalador não sei o que será.

Ricardo disse...

Ahaha, sim, boa filosofia.
É avassalador, tens toda a razão. E é algo que eu não trocava por nada (bem, pelo menos nada que seja realista).