8 de maio de 2014

É música rock do diabo, senhor



Existe espaço (eu diria até necessidade) para o factor choque na música: se falarmos de certos tipos de música é quase um dado adquirido. Há o choque intencional que vem da vontade de chocar para chamar a atenção (o fim dessa atenção é depois discutível), e há o choque inevitável, quando chocam porque chocam porque são assim e não vão mudar e as pessoas não gostam, azarinho. A minha avó, em noventa e dois, ficava horrorizada com o Axl Rose em calçõezinhos de licra e lenço na cabeça e tatuagens, com o Slash a fumar enquanto tocava: aquilo para ela era o fim do mundo. Se lhe mostrasse Cradle of Filth provavelmente não tinha avó neste momento. 
Os Ghost B.C. entram aqui na categoria do sim, vamos chocar toda a gente. Acho piada quando as pessoas agem (chocadíssimas, lá está) como se isto não fosse planeado, como se não fosse o objectivo desde o início e como se, em toda a história do rock / metal não tivesse sido isto tudo feito milhares de vezes: Alice Cooper, Black Sabbath, Marilyn Manson. Só para nomear uns poucos. Há para todos os gostos, coisas mais ou menos extremas (black metal norueguês, é convosco, é) que extravasam todos os limites. 
Um gajo que se auto-intitula Papa Emeritus II e anda com um séquito de músicos que se chamam todos Nameless Ghouls (a questão da identidade dos membros é algo controversa, há quem diga que há gajos conhecidos lá pelo meio, diz-se que o Dave Grohl já tocou com eles e que supostamente o vocalista será este jovem) a cantar letras de índole satânica num palco que replica uma catedral? Não me choca. E não me faz confusão absolutamente nenhuma todo o teatro à volta da banda: porque há ali música por trás, porque há qualidade que suporta o resto. Geralmente as bandas mais ligadas a movimentos deste género costumam utilizar uma sonoridade diferente (geralmente mais extrema). O som dos Ghost é relativamente acessível: os homens até tocaram no Rock in Rio brasileiro, o que quer dizer tudo.
O que me choca são as pessoas que não percebem, que não vêem o lado humorístico e de sátira ao próprio movimento que parecem encabeçar. Veja-se a série de vídeos denominada Papaganda:



Obviamente que ele não tem este aspecto nem fala italiano. Eu também me choco: especialmente com pessoas que levam estas coisas demasiado a sério. 

4 comentários:

Silent Man disse...

Gostei de tudo. Da música (grande riff de guitarra, muito Megadeth!), do que escreveste e do folclore, que eu sou gajo destas coisas.
Só não conheci o jovem da foto... Dás aí uma ajudinha com isso?

Aquele abraço!

Ricardo disse...

Desta banda:

https://www.youtube.com/watch?v=9FPU9Po7soQ

e desta:

https://www.youtube.com/watch?v=ZuVYNeiTUyo

Tobias Forge, de seu nome.

Silent Man disse...

Thanks :)

Silent Man disse...

Depois de começar a ouvir o segundo álbum deles, tive que te mencionar no meu blog. Espero que nada contra.

Abraço