20 de julho de 2013

SBSR, isto já não é o que era

Ao contrário de há dois anos atrás, em vez de apanharmos uma seca de cinco horas no carro a caminho, chegámos muito depressa. E para é que serviu esse tempo que ganhámos? Exactamente: para apanhamos uma seca de cinco horas no próprio recinto. O concerto que nos levou lá era só à uma da manhã, o Johnny Marr era só às vinte e três e qualquer coisa. Então por lá andámos, perplexos (e isto só comprova a minha inenarrável ingenuidade, já que esperava que algo tivesse melhorado em dois anos) por não encontrarmos nenhum tipo de comunicação onde pudéssemos saber as bandas e a hora em que tocam, um gajo vai ao alive e é bombardeado de merdas itens úteis para percebermos o que se passa quando onde e com quem, no super bock não, estás no meio do mato e vives como tal, na anarquia pura. Comemos, passeámos, tirámos uma foto com o sapo, ele também te apalpou o rabo?, perguntou a senhora logo após a foto, não, não me apalpou, acho bem, bestialidade não é a minha cena. Passado algumas horas, os concertos: primeiro tocaram as Anarchicks, a baterista é brutal, a guitarrista e a baixista safam-se, o som até não é mau, mas a vocalista... Não consigo. Estava no palco principal do super bock, alguns milhares de pessoas perante ela, e parecia que não se divertia tanto desde que lhe morreu o peixe dourado quando tinha oito anos. Ainda assim passou-se bem. Depois veio a Azealia Banks, uma coisa completamente deslocada ali no meio, com momentos assustadores, mas que até acabou por resultar para algumas pessoas. As drogas são más, ok? Finalmente tivemos o Johnny Marr. Se as músicas do álbum novo dele são competentes quanto baste, quando toca música dos Smiths a coisa roça o sublime, Stop Me If You Think You've Heard This One Before, Bigmouth Strikes Again, How Soon Is Now e There Is a Light That Never Goes Out, podiam ter sido mais, deu para ver o músico que o Johnny é, podia perfeitamente deixar o ego do Morrissey a brincar sozinho e dar uma nova vida aos Smiths, eu alinhava nisso. Claro que as jovens de menos de dezasseis anos e rabos à mostra, de cerveja na mão e pernas sujas de terra não faziam ideia do que se estava a passar em palco e quem é que estava à frente delas. Pérolas a porcas. Finalmente, e depois da senhora já estar sentada no chão, relativamente perto do palco, a fazer amigos e a conhecer pessoas das ilhas, lá vieram os Arctic Monkeys, Alex Turner e os amigos, a este e oeste dele, cada vez mais, o menino cresceu, perdeu as borbulhas, ganhou gel, o geniozinho continua lá e os bons concertos vão se sucedendo, olhando a frio para o alinhamento tinha algumas dúvidas, mas, lá, mergulhado naquela poeira, acabou por resultar bastante bem, a senhora ia morrendo no mosh, no Brianstorm, especialmente quando alguém achou que era divertido atirar uma tocha lá para o meio, fazendo uma clareira gigante e quase provocando o esmagamento de umas quantas pessoas, ainda agora no concerto dos Kaiser Chiefs já apareceram tochas por duas vezes, não compreendo, a mulher polícia até os pensos da senhora apalpou, fazendo questão de os tirar da mala e tudo. Já eu, cheguei e atirei tudo para cima da mesa, dois telemóveis, chaves do carro, o polícia disse logo ah, já sabe como é, e eu, pois, e ele passe lá, podia ter uma tocha ou podia estar apenas contente de vê-lo, a verdade é que nem me apalpou nem nada disso, um gajo paga cinquenta euros e já nem por estas merdas passa, enfim os festivais já não são o que eram.

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