23 de maio de 2013

Esperar é caminhar na berma de um abismo

Vinha no carro, depois da sessão diária de leitura sobre carris, e, enquanto ia mudando de música mais uma vez para aproveitar e ouvir Converge num volume adequado sem provocar reações de choque a ninguém, já que ia sozinho no carro, olhei para o banco vazio do lado e pensei em diversas coisas naquela fracção de segundo e o que me ficou mais cá dentro foi uma saudade de a ler, os pensamentos começaram a recuar no tempo e facilmente me lembrei do que ela escrevia, de como ela escrevia, acho que invariavelmente vamos sempre dar aí, ela sabe, embora eu tente não referir muitas vezes, quais as minhas três bloggers preferidas porque, enfim, ela tem acesso aos meus livros e discos e cds e eu gosto muito muito deles, mas, que raio, que bem que ela escreve, e como ela escrevia bem quando se alongava mais, estes cansados olhos verdes de garrafa vazia esquecida num canto de uma mesa desarrumada precisavam de a ler mais vezes, penso se não terei influência no facto de ela escrever menos, bem, ela tem influência em mim: português como sou encontro nas agruras da vida a inspiração e a motivação para lançar os meus lamentos ao vento como os uivos de solidão do meu cão quando saio de casa, acredito que ele pense que nunca mais me vê, eu parece que acreditava que não seria mais feliz, o fato de vidente fica-nos tão bem, que formosos nos sentimos enquanto traçamos às escuras os nossos destinos, por estes dias encontro-me demasiado ocupado a sorrir para escrever, e ninguém tem paciência para lamechices, fofinho?, não sei o que é isso, eu queria ter a rouquidão do Cash e o desconforto do McCarthy nas minhas letras, isto cada um almeja ao que lhe apetece, podia agora chateá-la para escrever mais e mais vezes, mas eu, melhor que ninguém, sei que, meus amigos, escusam de vir com conversas que isto não é o write-on-demand, mas, espero que ela, em nome do senhor que ela não acredita que existe, volte a derramar-se sobre o papel naquele estilo de escrita isto-sou-eu-preparem-se-que-vai-tudo-à-frente-é-assim-a-minha-voz que eu tanto, mas tanto gosto, espero, é isso que eu faço, espero.

3 comentários:

Linhas Cruzadas disse...

Não sei quem é ela, mas gostava de ser eu, ou seja que alguém pensasse de mim...assim...

Gosto muito deste blog, limpo, despretencioso de modas e com boas letras.

Passo sempre no silêncio pela razão entrelinhas do 1º parágrafo.

Grata, S.

Blue star disse...

Não sei de quem falas mas espero que ela volte a escrever.
Se por mais nada, então para teu contentamento que és fã
=)
* * *

Ricardo disse...

Linhas cruzadas, não me parece difícil que isso aconteça. Sinceramente.

Bluezinha, eu não falo contigo, por razões futebolísticas, durante mais uns dias.