1 de fevereiro de 2013

O trabalho que de trabalho tem, às vezes, muito pouco

Disseram que havia uma pessoa para falar comigo, lá fui até à entrada, eu até tenho medo quando me chamam à sala um, desta vez não era nada dramático: uma senhora em quem eu já tinha reparado, o cabelo roxo e preto a combinar com as roupas e os piercings facilmente a distinguiam dos restantes clientes, dirigiu-se a mim num inglês com um indisfarçável sotaque nórdico: era autora de um livro, bastante premiado por sinal, e estava muito feliz de o ver na livraria, pediu-me então que a deixasse autografrar o livro para  que o cliente que o comprasse tivesse uma surpresa, "greetings and love, Lisbon 2013" escreveu ela, toda sorrisos, e fiquei a pensar que são momentos como este que dão sentido a certos dias, já ao sair, novamente em inglês, um colega a indicar que eu seria a pessoa ideal a quem dirigir tão amarga queixa, um russo, com ar endinheirado, de guia russo de viagens na mão, a dizer-me que estava lá escrito que nós éramos efectivamente aquilo que somos e nos distingue dos demais mas que, para seu espanto, não tínhamos um postal, uma brochura, um livro ou seja o que for que mencione esse facto, não temos nada que conte a nossa história, eu apenas pude concordar, explicar-lhe que é uma batalha há muito travada, sem qualquer sucesso, "you break my heart", disse ele, assim mesmo "you break my heart", isto dos livros é uma doença do coração.

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