7 de junho de 2012

Eu é mais livros

O que eu gostaria, na realidade, de ter escrito para isto:

- O Estrangeiro (Camus, Albert) - A história de um moço levado da breca que não quer saber se morre a mãe ou se a namorada quer casar com ele ou se há sentido nesta vida e depois mata um árabe e os  The Cure até escreveram uma música sobre isso , e diz que o Bohemian Rapsody dos Queen também é sobre este livro mas isso eu já acho muito puxadinho. Já disse em duas ou três entrevistas que era o meu livro preferido, portanto agora tenho de manter isso, apesar de até já ter mudado de opinião.

- Meridiano de Sangue (McCarthy, Cormac) - Uma pessoa vai ler isto à espera dos índios e dos cowboys, e encontra só cowboys, porque os índios foram todos mortos pelos cowboys. Mortos e violados e tiram-lhes os escalpes para usar à cintura porque na altura não havia iphones nem óculos de massa e uma pessoa para dar nas vistas a descer o Chiado lá do sítio era assim que fazia. O José Luis Peixoto viu-me com o livro na mão e disse que era muito bom, e, apesar de isto afastar logo assim tipo toda a gente, é uma boa recomendação. 

- Os Irmãos Karamázov (Dostoiesvsky, Fiodor)  - Livro com o qual me revejo muito, porque é só gente muito boa e muito má, mas na mesma pessoa. Os Karamázov tanto têm acções muito bonitas como depois vão para Mokroe (deve ser tipo a Amadora lá da Rússia) com ciganas, mujiques, polacos e senhoras de índole duvidosa gastar aos três mil rublos de cada vez. E de quem é a culpa? Das mulheres, pois. O Freud e o Einstein gostaram muito, e eu também. 

 - Pais e Filhos (Turguenev, Ivan)  - O Nabokov diz que o Turguenev é melhor que o Dostoievsky, e neste livro nós até lhe damos razão. Neste Pais e Filhos ele cria uma personagem nihilista que é o Bazarov, das personagens mais fixes de todos os tempos (personagem cujo destino final vem escarrapachado na contra-capa do livro, obrigadinho Relógio d’Água), que depois, como não podia deixar ser (por causa do amor e das mulheres) se desgraça e deixa de ser tão cool. A Maria Filomena Mónica gostou muito, e como ela andou em universidades inglesas e anda com o António Barreto ela deve saber mais do que eu, portanto vão mais pela opinião dela que pela minha. Apesar de no fundo ser a mesma. 

- Detectives Selvagens (Bolaño, Roberto) - O livro mais fixe de todos os tempos (embora, e isto é uma contradição, eu tenha dificuldades em dizer porque o prefiro ao 2666, e há dias em que prefiro, e há dias em que não), porque fala de poesia e de juventude e de morte, e no fundo fala de tudo o que interessa. E fala no Eusébio e no Pessoa, lá pelo meio. Temos um puto de 17 anos que se junta “obviamente” a um movimento literário, logo para dizer que não faz ideia no que este consiste. Não fomos todos assim, um dia? Três poetas em busca de nada, pela arte, pela poesia. Um livro para leitores (sempre quis dizer isto, e agora que penso nisso não o disse lá e perdi uma boa oportunidade).

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