19 de fevereiro de 2012

São só dois furos


Fui passear com a Catarina (ela estava desejosa de se passear com o seu fato de Carnaval). Estivemos a passear em Carcavelos, mas, como quase não se via ninguém mascarado, ela quis ir comer um gelado a outro lado. 
Chegámos a um pequeno centro comercial. Ao passarmos em frente de uma joalharia ela diz: "Pai, quero furar as orelhas!". Eu fiquei logo desconfiado, mas decidi deixar andar. Lá andou a ver brincos, a travar relações com a senhora da loja (que, em conversa, ficou a saber que fazia anos no mesmo dia que a mãe da Catarina. "Deve ser boa pessoa!", disse a senhora, ingenuamente. "É, é", respondi eu). 
A Catarina estava nervosíssima. Pediu para ver a máquina. Pediu para vê-la funcionar. Viu os brincos umas cinco vezes. Quando finalmente se decidiu, ria-se nervosamente. Quando a senhora se aproxima dela, ela tapa as orelhas com as duas mãos. Começa a rir ainda mais e a dizer "não, ai, ai, ai, não". A funcionária fá-la reparar, e bem, que há mais pessoas na loja e que é uma vergonha. O que ajudou bastante: ela começa a gritar "Vão-se embora! Vão-se embora!", enquanto indicava a saída da loja.
Por esta altura eu estava quase escondido atrás de um expositor, a pensar que isto só podia acontecer comigo.  Finalmente ela chamou por mim, pediu a minha mão, e deixou a senhora furar-lhe os ouvidos. Claro que eu não fui capaz de olhar, fingi que estava a mandar uma mensagem no telefone.
Ora bem, a partir daqui foi a loucura: primeiro soltou um guincho, depois começou a rir-se histericamente, a dizer "dói!" enquanto se ria. Levantou-se para ir ao espelho enquanto reclamava mais, sempre sem parar de rir, para incredulidade da funcionária. Até que chega ao espelho, vê a orelha, pára de rir e diz, muito séria:
- Não doeu nada. Outro.
E assim foi, furou a outra orelha, com o mesmo circo e o mesmo final. Porque é que estas coisas acontecem comigo? Eu tenho a certeza absoluta que a primeira vez que ela tiver o período vai estar comigo. 
Já a caminho de casa, vinha toda contente:
- Com as orelhas furadas sinto-me capaz de tudo!
E depois lembrou-se:
- Eu não disse nada à mãe! Se ela não gostar tira-me os brincos à pancada.
Claro que depois mandou uma mensagem à mãe, a contar o sucedido. A melhor parte foi ela dizer à mãe, quando questionada se não devia ter pedido autorização à mãe, que o pai disse que não era preciso pedir nada. Linda menina.

6 comentários:

V. disse...

"Claro que eu não fui capaz de olhar". Muito másculo, sem dúvida! :p

Ahah, mariquinhas!

Ricardo disse...

Eu não curto agulhas e seus derivados

ocabraodopontog disse...

"Vou fazer tatuagens! Muitas! No corpinho todo, vais ver!" La-di-la, la-di-la, la la

Ricardo disse...

E vou, e vou.

Anaa disse...

coitadinha, devia estar mesmo nervosa. Mas não te preocupes, que se ela estiver contigo quando lhe aparecer o período pela primeira vez não vai ser tão mau como isto. Vê pelo lado positivo, a partir de agora é sempre a subir :P

Ricardo disse...

Sempre a subir? Espero que sim! =)