4 de maio de 2015

Lello e Irmão, pensas que vais gostar só que não

Depois de muitas vezes ter passado à porta e me ter esquivado a entrar na Lello (afinal de contas, de livrarias estava eu muito, mas muito bem servido), lá fomos nós, este fim-de-semana, visitar finalmente a mais bela livraria do mundo ou lá o que lhe chamam. Confesso que fiquei desiludido: não consigo olhar para uma livraria sem pensar em coisas como taxas de conversão e critérios de arrumação e adequação do produto ao público que a visita. A escadaria é muito gira, sim senhor, mas de resto... Uma quantidade de monos inacreditável, apenas um gajo na caixa, com apenas uma caixa aberta, dois seguranças (?) a controlar as pessoas na entrada e nas escadas, e livreiros nem vê-los. Uma livraria sem livreiros? Não me parece. Que gajo do Porto é que pensa: ah, quero um livro, deixa-me ir a um sítio onde tenho de ficar dez minutos na fila para entrar e depois não conseguir encontrar o que quero enquanto sou abalroado por turistas japoneses e me gritam ao ouvido em espanhol? Deduzo que ninguém. A oferta pareceu-me desadequada. Havia excesso de livros.  Eu até gosto de uma boa desarrumação numa livraria, mas a Lello passa dos limites.  De qualquer forma, isto sou eu que sou esquisito, entre outras coisas, em termos de livrarias. 

3 comentários:

jack disse...

verdade. a livraria é bonita mas pouco ou nada funcional, e a oferta de livros passou a destinar-se a turistas e leitores de cordel. blockbusters all the way.

falta-lhe o cheiro a livraria antiga, e o à vontade para um gajo andar por lá a espreitar as prateleiras todas e encontrar coisas que nem sabia que existiam.

abraço

Ricardo disse...

Nem mais Jack, nem mais. Mas acredita que, ainda assim, a oferta para turistas podia ser muito, mas muito melhor.

Dou-te um exemplo: os livros mais vendidos na livraria onde trabalhava eram do Pessoa, em inglês. Era para turista sim, mas era bom. E vendia muito.

Anónimo disse...

Não pondo muito do que dizes em causa, por ver aí bastante lógica e por saber que porventura caminhamos no sentido daquilo ser cada vez menos uma livraria e mais um ponto de interesse turístico (sem tirar o devido partido do pressuposto de turismo literário) há, ainda assim, uma coisa no teu título que me perturba.

Associei-o imediatamente à lenga-lenga dos Pimentos Padron, que uns picam e os outros...
:)

S.Mak