25 de março de 2015

Isto acaba por ser uma metáfora para uma quantidade de coisas que eu agora não tenho tempo nem paciência para explicar

Numa FNAC, algures sul, não conseguia encontrar um livro específico (degradante, para uma pessoa como eu) e lá fui perguntar ao rapaz de óculos de ângulos rectos que se encontrava empoleirado numa pata de elefante a arrumar livros de direito. O rapaz, simpático, encontrou o livro que queria sem grande dificuldade (estava atrás de outros, num sítio onde andei a ver, vergonha) e eu não pude deixar de demonstrar o meu espanto com o facto de não terem nenhum destaque às obras do Herberto Helder, nem sequer na poesia. A resposta dele foi sintomática: "ah, ainda não recebemos qualquer ordem lá de cima". E assim vai uma das maiores cadeias de livrarias (?) do país: um local onde morre o maior poeta vivo e não há qualquer homenagem à sua obra (eu já para nem falo de estarem a perder vendas...). Claro que mesmo que um dos livreiros se lembrasse de o fazer provavelmente seria admoestado por isso, agora cá a pensar pela própria cabeça, onde é que já se viu.

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