Éramos todos tão rebeldes. Estávamos na idade. Vinte anos depois este disco mantém-se imutável, não envelheceu sequer. Daqui a vinte anos há de haver um puto meio rebelde que vai pôr isto a tocar e vai ficar de boca aberta e pensar que há quarenta anos atrás o pessoal tinha muito bom gosto musical. E tínhamos. Este álbum abriu-nos para outros estilos musicais (hardcore, metal, hip-hop), para outras ideologias políticas, aprendemos a levantar o braço e a fechar o punho, a procurar causas, a sabermos quem era o Mumia Abu-Jamal. Um álbum com um monge a imolar-se na capa não podia ter outras consequências. Para que fique registado: a música que gosto menos neste disco é o Killing In The Name, ainda hoje abomino ouvi-la fora de contexto, até a ouvi uma vez, num lançamento no Frágil, enfim, tenho dificuldades em adjectivar isso. Houve outros discos que me marcaram positiva (o primeiro de Korn e de Deftones, o All Ages de Bad Religion, Far Beyond Driven de Pantera, etc, etc...) e negativamente (Load e Reload, estou a olhar para vocês...), mas penso que este, no geral, até pela influência que teve na cena musical acaba por ser o grande disco do secundário.
3 comentários:
Sabes que sou adepto das tuas antologias musicais e falando em Rage Against The Machine sou obrigado a intervir.
Boa parte já disseste tu em poucas linhas, embora eu tivesse um local onde ouvir o Killing in the Name fazia todo o sentido, mesmo quando não fazia sentido nenhum - no extinto Rockline, mesmo anos depois em noites do estudante que acabavam sempre lá.
A junção entre atitude, valor musical e conteúdo para mim é daquelas coisas que, para quem gosta do género ,não pode falhar e faz o álbum tão bom hoje como era há 22 anos (e escapou-me a edição especial dos 20 anos lançada em 2012).
Bullet in the head.
Wake up (usado para fechar o primeiro Matrix)
Know your enemy (constante nas minhas playlists de corrida)
Freedom
Take the power back (http://www.tnt-audio.com/topics/ratm_e.html - desconhecia que era um bom teste para aparelhagens :D )
Quando os vi pela primeira vez em 1996 em Algés foi uma explosão de tudo e um par de botas. Estava a sair o Evil Empire, mas não faltou nada tirando a inteligência dos promotores que fizeram com que o set fosse mais curto porque os cabeças de cartaz desse dia fossem...os Simple Minds.
Acabei com um hoodie rasgado ao meio e nos dias a seguir a assoar pó inspirado à bruta. Nunca me diverti tanto :)
No dia a seguir, um sábado, tinha um exame. Cheguei lá, vi o enunciado e entreguei-o de volta. Ficava para Setembro uma cadeira, mas o concerto valeu isso e muito mais.
RATM forever.
SMak
Algés, 96. Mais uma cruz no meu caminho de ausências. Às vezes olho para trás e não percebo como fui capaz de perder isso.
Isso do Take The Power Back é muito bom, tenho de experimentar :D
Acertas nas músicas todas e a referência ao Matrix é excelente, é daqueles momentos em que sai tudo do cinema com uma granda pica (foi em quê, 97?) e vai discutir para o parque de estacionamento o filme.
Espero que em 2008 te tenhas conseguido redimir, novamente em Algés :)
O Matrix é de 1999, ano do Battle of Los Angeles, disco que tem mais umas boas pérolas.
SMak
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