6 de maio de 2014

Ter um filho com a irmã dá nisto

Voltei ao McCarthy (da obra traduzida só me faltam o Filho de Deus e o Guarda do Pomar, e, por tudo o que é sagrado, Relógio d'Água, amigos, vejam lá com o Paulo Faria para despacharem a tradução do Cities of The Plain, para terminar a Trilogia da Fronteira, por favor, obrigado) para ler Nas Trevas Exteriores. Chego facilmente à conclusão que gosto mais das primeiras obras dele (e eu que comecei pelo fim, Estrada e depois Este País Não é Para Velhos). Mais uma vez, o livro é uma viagem pelos recantos mais fofinhos de um desconforto permanente, em cada passo, em cada diálogo, estes livros dele são passeios na berma de um abismo, geram angústia, queremos que eles caiam de uma vez por todas para terminar com este sentimento. Mas depois o homem escreve de uma maneira única e todo aquele imaginário sulista / fronteiriço dos Estados Unidos, aquele tempo e aquele espaço, agradam-me sobremaneira. Claro que o McCarthy dá cabo de nós, com o desenrolar da história, ele define início, fim, tempo, acelera, demora-se, há uma sensação de impotência da parte do leitor: podemos torcer por quem quisermos, ele não quer saber, ele lá vai seguir o seu caminho: e geralmente esse caminho não é bonito de se ler. Repito: o homem dá cabo de nós: por isso recomendo-o vivamente.

Sem comentários: