6 de setembro de 2013

O meu primo casou lá longe, em Itália

E eu aqui a trabalhar, ele casou, lá, longe, no sul de Itália, com uma italiana jeitosa, ambos hospedeiros de bordo, e eu a trabalhar, sem grandes meios de apanhar quatro voos e uma estadia e arranjar sítio para deixar o cão, ele casou e eu, aqui, longe, a pensar como teria sido ter lá estado, perder destes momentos é perder um bocado de nós: conheço-o desde sempre, partilhámos muito, férias, fins-de-semana, viagens aparentemente intermináveis em bancos de trás de carros (ironia) italianos, black is black I want my baby back e outras merdas tocavam na rádio, e nós, armados em bons, Guns N' Roses, um headphone para cada um, a gozarmos com toda a situação, acho que enquanto crescíamos nunca o imaginei a casar-se, afinal de contas, o gajo das miúdas e da bola e do bodyboard era eu, mas quem se casa numa igreja, noiva de branco e tudo e tudo, é ele, e eu feliz e infeliz e miserável, a ver fotos a cair no facebook como relâmpagos que iluminam uma noite escura, parece-me ver qualquer coisa ali mas rapidamente desaparece, vão faltar para sempre a troca de olhares antes do momento, o último abraço, umas palavras confidenciadas ao ouvido, a lágrima seguramente no canto do olho ou algures no fato, o importante é que casou, o importante é que é feliz, o abraço há de vir um dia, a afilhada há de lhe dar os parabéns em pessoa, estamos tão crescidos, orgulho, acima de tudo, o orgulho.

Sem comentários: