4 de julho de 2013

The lost art of keeping a secret

Entre noventa e noventa e cinco andei numa escola ali para os lados do Bairro do Rosário. Lá perto havia um colégio só de raparigas. Eu e alguns colegas, por vezes, apanhávamos o autocarro para a Areia em vez apanharmos o da Torre. A viagem era um pouco mais lenta, dava para ouvir mais umas músicas no walkman, mas, ainda assim, não havia qualquer risco de não chegarmos a horas às aulas. A vantagem é que, apanhando este autocarro, podíamos sair numa paragem que ficava mesmo em frente desta escola só de raparigas. E lançávamos o nosso charme ao longo dos gradeamentos, sendo seguidos de dentro por uma horda de raparigas fardadas de bordeaux e cinzento, saias a encurtar à medida do nosso olhar, inventavam-nos alcunhas, elas, assanhadas, para nós eram as "freirinhas", e era o delírio matinal.  Não consigo precisar quando é que os rapazes lá entraram pela primeira vez. Mas foi algures nos anos noventa. Lembro-me bem de uma vez, já no nono ano, termos ido defrontar uma selecção de futebol da escola onde, segundo nos pareceu, constavam todos os rapazes da escola: foi a loucura. Elas puxavam-nos no túnel que dava acesso ao campo (que fica no outro lado da estrada), agarravam-nos quando chegávamos perto da linha lateral. Lançavam piropos de envergonhar muito bom camionista. E nós, cabelinho à foda-se em toda a sua glória, olhinhos claros e peles morenas, estávamos no céu (sem qualquer tipo de piada religiosa aqui).
Belas memórias. Pelo menos até ao momento em que me bate o facto da escola das minhas memórias ser exactamente a mesma escola em que acabei de matricular a minha filha no quinto ano. 

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