12 de abril de 2013

La banlieu

A chuva, acordo e passeio o adormecido cão e o sol nasce lá bem ao fundo num céu razoavelmente descoberto, sim, são seis da manhã, mas, que raio, hoje vai haver sol, tenho que me animar, arranjo-me na forma automatizada do costume, a máquina de barbear está um nível acima do normal o que faz com que eu me barbeie, de olhos semi-cerrados, durante um ou dois minutos, para depois ver que a barba está tal e qual estava quando acordei, repetimos o processo, afinal de contas, ainda é cedo, entro no banho e são seis e qualquer coisa são sete e tal afinal, parece que o tempo escorre pelo ralo, tudo a despachar a partir daí, saio de casa e respiro fundo quando vejo o chão encharcado, os óculos voltam para o bolso do casaco, diz que vai estar bom tempo este fim-de-semana, que vem aí o verão, mas custa-me verão sem primavera primeiro, e eu já não sei bem como é que se faz no verão, acontecem coisas aqui pelo meio que envolvem pó e livros em armazéns de alturas inenarráveis, tacks e picks, terminamos o dia com a Clarice Lispector, ou era o que queríamos, deixemos o Mexia e a Teolinda Gersão tomarem conta daquilo que temos coisas para fazer na livraria, tentas dar atenção ao Saramago no comboio mas o telefone do trabalho e o telefone pessoal vão tocando, chega a noite e percebemos que  há discos e dias que funcionam melhor a dois.

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