10 de dezembro de 2012

Da crítica

É do S. Jorge que vos escrevo, pequeninos, vós cujas saudades mal cabiam nos vossos pequenos corações blogoesféricos, pois bem, saibam que a vida por aqui vai continuando, é sinal, lá está, curioso, que estamos vivos, que vamos ter apenas uma folga completa entre o dia vinte e seis de novembro e o dia vinte e quatro de dezembro, carrega Mantorras, agora arranjem-me tempo para ser pai e para o amor, a Catarina anda a derrapar ligeiramente na escola, e ando preocupado com a escola onde ela vai para o ano, quinto ano, vai passar para uma pública, eu e a progenitora ainda não nos decidimos, aposto que nunca viram as notas das escolas públicas em termos de exames do sexto ano, medo, e o natal que já aí está e eu já tenho as prendas compradas, tenho de dar bom aspecto como pai e namoradinho, duas coisas em que gostava bastante de ser melhor, já em termos de leitura sou o melhor, em leitura e modéstia, o Piada Infinita já vai a cerca de vinte por cento, duzentas páginas, alguns erros que a revisão deixou passar não estragam a experiência, sendo que "experiência" é a palavra certa para descrever a leitura deste livro, uma escrita torrencial, sinto-me muitas vezes como se estivesse sentado na estação e passasse um comboio na velocidade máxima sem parar, e este comboio fosse interminável, é o melhor que consigo descrever, e é nestes momentos em que eu tenho a certeza de que não podia ser crítico, apesar das cunhas e tal, porque se me pedissem para criticar um livro eu não ia conseguir ir buscar aquelas referências obscuras à literatura austro-húngara do século dezoito ou ao cinema mudo da região baixa do Egipto ali como quem vai para o Cairo mas sai na terceira à direita na rotunda, portanto diria apenas algo do género "é muita bom chaval" e ficava por aí, não usava nenhum sistema de estrelas, era uma frase curta e mais nada, agora estava aqui a pensar o que é que diria se fosse mau, algo raro, confesso, é um dos meus dois defeitos literários segundo os meus colegas invejosos, leio na diagonal e gosto de tudo o que leio, eu gostava de aprofundar mais este tema mas, além da minha incapacidade natural, estão aqui pessoas que estão à espera do Visconti e que me vão fazendo perguntas, explicar a um gajo que fala inglês quem é o Eduardo Cintra Torres e do que ele esteve a falar é, como o "Piada Infinita", muita bom chaval.

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