10 de maio de 2012

Juventude Sónica


Pela primeira vez em dois anos chego a casa e não tenho um animal a saltar-me para cima na maneira suavemente brutal e selvagem de demonstrar carinho dele e assusta-me perceber que ele é uma parte maior de mim do que eu pensava, está visto que nisto de perceber sentimentos eu sou tipo Jesus na gestão do plantel, mexo pouco e acerto ainda menos. O silêncio da casa, o ficar sem perceber o que fazer em vez do habitual limpa-passeia-alimenta-ralha-brinca-ralha-passeia do costume, o levantar o olhar do portátil e pensar que ele está tão sossegado que não pode ser coisa boa e lembrar-me que ele não está cá, e a casa é só minha. Uma diferença abismal. Claro que ele está no seu hotel para cães, rijo, não ladrou nem choramingou, juro que eu também não, vai para a piscina e vai levar banho e confraternizar com outros animais que não o seu dono, deve estar a delirar com aquilo. Juro que não pensei em ligar para lá. Hoje. Amanhã, logo se vê. 
Vai daí, Casa Ocupada no gira discos, e vamos fazer a mala para a mini-escapadinha de fim-de-semana (porque domingo diz que há a comunhão da filha, vamos ter a família toda, novo filho e namorado da mãe da Catarina, parece que é desta que sim, que se junta tudo), porque o Porto não espera por mim, já eu desespero pelo Porto e parecendo que não fazer a mala às 21 horas é mais agradável do que fazê-la às 5 da manhã. iPod carregado, livro na mala, dormir é para crianças, quero ler na viagem, quero chegar rápido ao Porto, se as saudades fossem prosa eu era o Lobo Antunes.
Nisto, compram-se bilhetes para o Ritz, Diabo na Cruz e Linda Martini. E estamos despachados de concertos para Maio, parecemos putos, não temos aulas amanhã.
Até domingo, então.

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