10 de janeiro de 2012

A viagem de autocarro como metáfora para a vida

Sou mau com caras. A descrevê-las, para ser mais preciso. Estava distraído a ver o meu livro, quando vi uma rapariga com uma cara (que, lá está, não sei descrever convenientemente) que me chamou a atenção. Era particularmente gira? Não. Mas tinha qualquer coisa. Olhei uma ou duas vezes, com a sensação de que não saberia descrever a cara dela, se tentasse. 
Quando dou por mim vejo que estou quase na paragem em que tenho que sair. Quase. Levanto-me, e quando vou olhar para ela uma última vez, na vã tentativa de decidir se era gira ou nem por isso, o condutor faz uma viragem brusca e eu, para não cair, agarro-me ao ferro junto a um banco. Como não podia deixar de ser, logo por azar, agarro-me mesmo na cena de stop do autocarro, e, melhor, estávamos mesmo a passar numa paragem. Que não era a minha. O condutor faz uma travagem altamente brusca e abre a porta. E não havia ninguém para sair, a não ser eu. Lá saí eu na paragem errada. E é isto. Uma sequência de paragens erradas, a minha vida. E gajas semi-giras que não sei definir. E travagens bruscas. 

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